Mutação elimina a dor


Um grupo de cientistas britânicos publicou um estudo na revista Nature em que mostra que a ausência de dor se deve a uma mutação genética e não a falhas no cérebro como se pensava.
O estudo foi realizado no Paquistão, onde um rapaz se tornou famoso por realizar espectáculos de rua em que se feria com facas ou caminhava em cima de brasas. Apesar de parecerem truques de feira, estas actividades são possíveis devido a uma doença devastadora em que os pacientes não têm noção dos limites físicos, uma vez que não são sensíveis à dor.
Estes doentes ferem-se sem terem consciência disso, correndo assim o risco de queimaduras, ferimentos ou fracturas graves. O jovem paquistanês do referido estudo acabou por morrer aos 14 anos, quando se atirou de um telhado, por não ter medo e nunca ter sentido dor. Estes factos mostram a importância da dor como meio de alerta útil para a manutenção da nossa saúde e sobrevivência. Os investigadores descobriram que na família do rapaz paquistanês havia outras seis crianças que partilhavam o que muitos consideravam um dom: nenhuma delas sentiu alguma vez dor em qualquer parte do corpo.
Comparando amostras de ADN das seis crianças, os investigadores descobriram que todas partilhavam uma mutação num gene conhecido por SCN9A. Com o gene normal, as células reagem à dor emitindo um sinal ao cérebro através da espinal medula. Porém, a mutação neste gene bloqueia os impulsos nervosos, impedindo que o cérebro receba o sinal nervoso de alerta para a dor.
A descoberta responde à questão de os pacientes paquistaneses serem realmente incapazes de percepcionar dor ou se simplesmente lhe são indiferentes.

Adaptado de http://www.mni.pt e Jornal de Notícias, 15-12-2006

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